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Mostrando postagens de dezembro, 2020

A porta do universo

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Fechei a porta, Recolhi os cacos, se você Norte, eu Sul O ruído do silêncio já não me incomoda tanto  e a ausência dilui devagar  o que distorce minha visão Como poderia ser amor se fazia me sentir tão pequena? Na verdade, eu bati aquela porta. Tão forte que a que tava do lado se abriu a minha E desde então reconheço minha imensidão

Crônicas de dois pontos - O bilhete (pt. 1-2)

- Merda, tô atrasado! E ainda vai chover! - resmunguei enquanto fechava o portão da loja. Caminhei rapidamente para o ponto. Felizmente, devido ao tempo nublado o ônibus estava atrasado - ''todo mundo resolveu pegar busão hoje'' - pensei aliviado. O transporte estava cheio, com todos os assentos ocupados, porém ainda havia espaço no fundo, onde consegui me acomodar ao lado de um senhor vestido com uma blusa amarela.  Notei que ele estava próximo demais a uma jovem, que aparentava ter mais ou menos uns 15, 16 anos, mas como não havia muito espaço mesmo, tratei aquilo como algo normal de primeira. Mas no decorrer do percurso, aquela situação estranhamente começou a me intrigar, já que com pessoas descendo em seus pontos e abrindo assim mais lugar no local,  nada do tal homem se afastar da menina. Ela se mostrava nitidamente incomodada. O homem aproveitava o balanço do ônibus para encostar-se nela, ''encoxando''. Pensei em intervir, mas como não sou muito i...

O bilhete - PRAÇA (pt. 2)

Revirei o papel várias vezes, não acreditando no que estava acontecendo. Tinha certeza de que era o mesmo bilhete que a mulher havia me dado. Pensei sobre todas as possibilidades: de algo ter dissolvido a tinta - o que teria deixado manchas, então descartei essa opção -, ou do escrito ter sido feito a lápis, o que descartei também, já que não haviam sequer marcas no papel.  Os dias se passaram e eu me lembrava todas as vezes que entrava no ônibus sobre o ocorrido, constatando aliviada que aquele  homem de amarelo nunca mais apareceu, pelo menos não no horário em que eu estava.  Porém, aquilo me serviu  tanto de alerta, que passei a olhar com mais cuidado para situações que pudessem ser parecidas e a 'passar pelo meio das pessoas', quando sentia alguma proximidade suspeita. Logo a memória sobre o episódio se tornou turva e vaga, e eu cheguei até a me questionar se não havia sido um delírio muito bem executado da minha mente. Certa tarde de sábado, resolvi caminhar ao ...

O bilhete - ÔNIBUS (pt. 1)

 O bilhete - ÔNIBUS  Estava sentada à mesa, na minha lanchonete preferida. Passava das 17h30 então era hora de ir, meu ônibus não demoraria. Eu gostava de me sentar ali todos os dias após o trabalho, e observar as pessoas passando. Imaginava mil histórias em minha cabeça, sobre aonde estariam indo, de onde vinham, se o dia delas havia sido bom, e até mesmo o que ou quem seria o motivo da pressa delas. Paguei meu café e caminhei até o ponto. Aquele fim de  tarde nublado convidou a maioria das pessoas a se sentarem no banco coberto, com medo da possível chuva. Não me importei em ficar em pé. Coloquei meus fones e mergulhei nas minhas músicas, quando finalmente avistei o ônibus chegando. As pessoas se enfileilaram para subir, o que demorou um pouco, já que haviam mais pessoas lá dentro do que normalmente. Estava pisando no primeiro degrau, quando senti uma mão tocando minhas costas. Virei-me e me deparei com uma mulher, com semblante pálido e olhos fundos. Não me dirigindo p...

Reset

Eu anseio paz na minha vida Não sei ainda se é uma retratação ou despedida de todos que cruzaram comigo Quem me de ra se de bob eira encontra sse aquilo qu e me decifras se inteira Fujo pra me encontrar e continuo perdida . . . É assim, pois é: não posso apreciar companhia quando não sei ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀pra ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀onde ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀vou⠀⠀⠀⠀⠀⠀ .⠀⠀⠀⠀⠀⠀ . . Difícil admitir que falta né? Não tenho muito a oferecer a não ser o que sou ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀